terça-feira, 23 de setembro de 2014

Ame o que é seu – Emily Giffin



“Como amar de verdade a pessoa que está comigo, se não consigo esquecer alguém que ficou no passado?”
Quem nunca se colocou na dúvida em relação as escolhas amorosas? E olha que aqui estou sendo bem especifica no tema "escolhas", porque na verdade vivemos em dúvida das nossas escolhas em todos os campos de nossas vidas.
 Será que a profissão que exerço é mesmo a que quero fazer pro resto da vida? Será que meus amigos e as pessoas que me rodeiam são as que realmente fazem eu ser eu mesma? Será que devo sair de casa ou ainda ficar sob o mesmo teto que meus pais? Será que pinto o cabelo de claro ou escuro? Será que devo viajar sozinha ou em grupo para descobrir o mundo? Será que devo falar tudo o que penso? Será que devo comer um belo prato de arroz e feijão ou uma saladinha pra manter o corpo em forma? Será que devo fazer um curso de MBA ou um curso de culinária? Será? Será? Será? Tantos "serás" que já fiquei tonta de pensar. Mais calma, a ideia aqui não é fazer você se desesperar com os porquês e serás da vida.
 Comecei o texto desta maneira, porque foi assim que o livro "Ame o que é seu" fez comigo. Fez eu me perguntar se as minhas escolhas estão mesmo de acordo com o que sou, com o que tenho como objetivo de vida e se eu realmente sei quem eu sou.
 Neste livro, vemos Ellen, nossa protagonista, se colocar em dúvida se seu casamento com Andy é realmente o que ela sonhou para a sua vida. Como todas as mulheres, ela teve (ou ainda tem) uma paixão não concluída. Sabe aquele cara por qual todas nós vivemos um romance proibido, complicado, cheio de idas e vindas, mais repleto de paixão, tesão, loucura, e tudo aquilo que vemos em filmes e novelas e desejamos arduamente viver? Então, é ai que entra o causador da discórdia, o Leo.
 O casamento de Ellen e Andy não parece perfeito, como ele é perfeito. Daqueles estilo propaganda de margarina. Mais por obra do destino (ou não) certa tarde Ellen está atravessando a rua, quando ela avista Leo depois de 8 anos sem vê-lo. Sem conseguir explicar, seu coração saltita e sai pelas órbitas, e ela passa a se perguntar como teria sido sua vida se tivesse ficado ao lado daquele que foi capaz de despertar a paixão desenfreada dentro dela, e questiona se o comercial de margarina vivido todos os dias ao lado de Andy é o que ela realmente quer para si.
 Bom, nem preciso dizer que quando nos colocamos em dúvida, natural querer "pagar para ver o que acontece". Bom, e ai é melhor parar para não contar o desfecho da história.
 Apesar do livro me fazer lembrar uma fase de minha vida, onde ouvi muitas vezes que viver na dúvida é bom, pois nos permite fazer diversas escolhas e não focar em apenas uma, também me fez refletir que enquanto houver escolha haverá também a tal da dúvida (uma ciclo sem fim). Considero essa a grande lição deste livro.
 Um obra um tanto quanto clichê e o final não me surpreendeu, até porque em histórias de ficção temos que ter um final feliz. Mais me fez sim enxergar nas dúvidas e anseios de Ellen, os meus próprios, e perceber que as vezes o que realmente queremos e nos faz completa e feliz está bem ali, debaixo do nosso nariz.
 Vem a tona de novo a questão de "se amar e se aceitar". Até que o titulo diz bastante coisa quando fala em amar o que é seu. E o que é seu de verdade? Vamos refletir: você é o que você tem de mais precioso. Porque então não começar por ai? Se Ellen se aceitasse e se amasse, ela entraria nessa dúvida? A paixão não começa dentro da gente mesma? Algo a se pensar a partir daqui...
 Já dizia Shakespeare que "Dúvida da luz dos astros, de que o sol tenha calor, dúvida até da verdade, mas confia em meu amor". Se até o poeta dos amores impossíveis disse que é preciso se amar primeiro e depois questionar o amor pelo outro, porque viver na dúvida quando podemos escolher quem ao nosso lado fará esse amor próprio nunca apagar?
 Gosto da Ellen, por um aspecto em especifico: ela é fotografa e cheia de ideias bacanas em tirar fotos naturais que expressem o que realmente as pessoas são. Ai volto a refletir: acho que ela se sente bem fazendo isso porque ela mesma não consegue se encontrar e saber quem é. Talvez devessem tirar uma foto dela acordando ou olhando para o nada. Quem sabe assim ela conseguisse enxergar quem é, e não se colocasse mais em tantas dúvidas.
 Um livro digamos que bem reflexivo, se você for capaz de sentir o que Ellen sente e não simplesmente pensar "Que mulher indecisa!"
 Conselho: dê uma chance a Ellen e tente entender sua profundeza de pensamentos. Querendo ou não, também somos exatamente assim. Até porque, como aprendi sabiamente "Na dúvida, não há dúvida".
Boa leitura! 

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