sábado, 24 de novembro de 2012

Ana Karenina – Liev Tolstói

Anna Karenina é um livro que gira em torno principalmente da vida de uma mulher, Anna, e de um homem, Levin; eu sei que todos esperavam que eu falasse do Conde Vronski, mas a realidade é que a parte em que eu quero dar ênfase aqui manda o Conde para o segundo plano.
Anna era uma aristocrata casada com um importante membro da sociedade russa, que apesar de ter tudo àquilo que é considerado desejável a uma mulher no e do século XIX – beleza, riqueza, um bom casamento, um filho – acaba tento um caso com o “impetuoso” – e colecionador de corações partidos – Vronski, a partir desse momento ela se envolve em uma série de coincidências e ações trágicas que a levam ao famoso destino de Anna – que eu não acho correto falar aqui. Levin é um rapaz que tem uma propriedade agrícola e que é apaixonado por uma sofisticada mocinha de São Petersburgo – a última a ter o coração partido por Vronski, inclusive, por ele a ter iludido a um possível noivado e depois ter se “apaixonado” por Anna – que por causa dessa paixão e de outros motivos passa por um conflito interno sobre a felicidade do homem durante todo o livro – mesmo depois de ter desposado seu amor, Kitty.
Tolstói é um dos mais importantes escritores russos – talvez do mundo – e ficou conhecido principalmente pelos livros Guerra e Paz – livro que fala sobre as campanhas de Napoleão na Rússia – e Anna Karenina – que é visto pelo mundo como um importante retrato feminino. Ao mesmo tempo, o romance Anna Karenina é considerado um pouco “autobiográfico” ao narrar a história de Levin que se afasta da perturbação das grandes cidades e se recolhe ao campo para uma vida “simples” junto a mulher – uma tendência e filosofia adotada por Tolstoi já próximo da velhice, essa de se afastar dos grandes centros e  do que ele considerava um universo decadente e hipócrita. Visto assim é possível identificar a possibilidade de que Anna poderia tentar personificar aquela sociedade da qual Tolstói tentava se afastar, isso nos ajuda a tentar entender Anna, que seria uma síntese de tudo aquilo que a maioria das mulheres de hoje tenta não ser. Apesar da importância desse livro e desse escritor, o fato é que apresentar o perfil de uma pessoa que se autoflagela para infringir dor a um homem que ela nem ama nem odeia – eu acho que ela se torna totalmente indiferente a Vronski no fim do livro – e que faz isso, acho que como uma maneira de se elevar a alguma coisa ou de ferir alguém, como sendo um grande exemplo de perfil de mulher – não como um simples e isolado perfil de mulher, mas como um dos principais e mais importantes – é no mínimo preocupante.
Eu – a pessoa por traz desse texto e blog – não consigo ter como exemplo da psique feminina essa mulher, não que eu a odeie nem ache ela um monstro, mas ela não pode ser um exemplo dos pensamentos e sentimentos de nenhuma mulher, existe uma série de personagens femininas que amam e que morrem por seus amores e que fizeram isso de maneira mais correta, de maneira nobre, de uma maneira que todas as mulheres deveriam lutar, ou por seus amores, pelos seus filhos, ou pelos seus direitos e convicções; Anna é uma mulher que tem coração mas não tem mente, ela age segundo uma série de valores que são intangíveis com a realidade para qualquer pessoa que resolva pensar na vida durante 15 minutos no ônibus, me desculpem a expressão, talvez, ou muito provavelmente, vocês não entendam do que eu estou falando mas se você que estiver lendo esse texto imenso e tenha um mínimo de amor e respeito a vida e a mulher como instituição ou como individuo deve saber que é cruel de mais tentar incutir tudo que Anna é – e não o que ela representa – na mente de uma pessoa que trabalha para construir uma vida segundo uma moral.
Agora que tudo isso foi explicado eu posso começar a expor a minha opinião sobre o livro. Eu me lembro de ter achado que nesse volume faltava uma coisa que na época eu não conseguia identificar, mas que agora eu sei que não era uma ausência e sim um excesso, vou tentar explicar a partir de uma experiência que eu tive: uma noite muito fria eu me lembro de ter passado o lençol por cima da minha cabeça e de tê-lo prendido por baixo do travesseiro, ficando dessa maneira totalmente coberta e presa, nessa noite eu tive um pesadelo em que eu me afogava, eu me lembro de que a sensação de pânico foi tão forte que eu acordei socando o lençol, eu me assustei muito dessa vez; o que eu senti ao ler Anna Karenina foi semelhante a isso, Anna que representava uma pessoa totalmente fora da minha realidade e ideais me foi apresentada com um realismo tão grande que eu realmente me assustei com aquilo que seria uma realização quase material de um pesadelo: a possibilidade de uma pessoa viver daquele jeito. A não ser o fato de que Anna é a personificação de um dos meus piores pesadelos, o que realmente me torturou durante a leitura, o livro apresenta uma série de qualidades que o afirmam como um grande romance: a descrição da sociedade, a construção de personagens totalmente humanos e simpáticos como o irmão da Anna, Oblonsky – que apesar de uma série de desvios ainda representa alguém palpável –, a busca pelo amor e pela realização interior de Levin – que tenta viver segundo o seu próprio código moral –, a divertida ou trágica picuinha de Dolly  – esposa de Oblonsky –, o movimento de mudança e avanço e de busca de felicidade pelos personagens – até mesmo da parte de Anna que vai atrás daquilo que para ela representa a felicidade – e também do fato do realismo impecável de Tolstói ao descrever seus personagens, a vida deles, as ações e motivações deles. Eu posso dizer, como eu já disse, que Anna Karenina não é o melhor livro que eu li, mas o fato de eu o ter lido e não ter gostado completamente dele não apaga as qualidades incontestáveis desse romance, essa explicação enorme do que eu interpretei do livro só tenta explicitar a minha opinião, e não altera a opinião de outras pessoas, nem a realidade do livro – que já foi escrito, a minha opinião não vai magicamente mudar o que ele é – o objetivo do blog é servir como “diário” de leitura, indicando quais foram as nossas – minha e dos outros membros – dificuldades, métodos, leituras anteriores – como eu já indiquei livros para serem lidos antes de outros – o nosso objetivo é ajudar a todos a descobrir o maior número de gêneros literários e livros a partir das nossas experiências, e tornar mais simples e gostoso esse descobrimento.
Desculpem-me se eu dei a entender alguma coisa diferente, essa resenha é a retificação de uma anterior que deve ter ofendido a um leitor, me desculpem, a outra resenha foi feita na época em que eu comecei o blog, talvez naquela época eu não tenha sabido me explicar, e espero que esse texto possa explicitar os meus sentimentos e opinião em relação a esse livro, se vocês tiverem alguma duvida ou tiverem alguma critica entrem contato, eu terei o maior prazer em responder a elas. Eu sou humana, é comum errar, talvez minha interpretação agora esteja tão errada quanto à resenha anterior, mas eu quero deixar claro que assim como eu estou retificando essa resenha para tentar sanar qualquer mal entendido, estou disposta a corrigir quaisquer outros erros e explicar qualquer uma das minhas opiniões.
Obrigado a todos.

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