Passando-se praticamente todo na ilha de Java, exatamente em
Jacarta – em um período que vai de 1799 até... uns 40 e poucos anos depois – Os
Mil Outonos de Jacob de Zoet é um livro com uma narração impecável – com alguns
erros de revisão como o 1790 que virou 1970 – e com uma estória que contou com
uma boa pesquisa e enredo.
Jacob é um rapaz não muito abastado que se vê forçado a
“perder” alguns dos seus melhores anos trabalhando para a Companhia Holandesa
das índias Orientais, para assim poder ser digno de uma jovem chamada Anna, que
tem um pai bem exigente financeiramente. Claro que tudo isso parece meio
simples, mas o livro não se limita a isso, e além de acompanhar Jacob por um
período curtíssimo em que acontecem muitas coisas – falou a rainha do marasmo –
ele também fala muito sobre a cultura, desde a estrutura de poder vigente em
Batávia – que era o nome de Jacarta na época – até algumas crenças de lá – to
aqui me segurando para não dar spoiler, porque sinceramente essa parte me
surpreendeu muito, eu não esperava uma guinada tão drástica em um livro que
sinalizava ser mais tranquilo – além de tratar também de detalhes não tão
românticos da vida dos marinheiros e comerciantes daquela época – de doenças a
prostíbulos, passando pela “mesa” de cirurgia do Dr. Marinus em plenos
procedimentos.
Tirando Jacob, que é claro, monopoliza o foco do livro,
também temos alguns personagens fascinantes como o Dr. Marinus e Orito, que são
estudiosos em uma época em que a busca de conhecimento não era tão bem vista –
principalmente no caso de Orito, que era uma mulher – Enomoto – que dispensa
explicação em função dos spoilers – entre outros.
Desculpem-me, mas é muito difícil falar desse livro sem ficar a
beira de soltar um detalhe, e são muitos detalhes, além de contar com uma
narrativa limpa e muito bem feita o livro também trás elementos inesperados, e
complicações que eu nunca poderia esperar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, sugestão ou reclamação...